sábado, 17 de janeiro de 2009

O VERDADEIRO AMOR

Por Cláudio Munhoz

O verdadeiro amor é como um rio de sentimento límpido, cujas águas cristalinas brotam das profundezas ocultas da alma. Nasce puro; faz-se córrego, riacho... Súbito se avoluma e corre impetuoso e insinuante. Transborda vida por onde passa e segue, infrene, seu curso acidentado, até desaguar no mar de si mesmo, o infinito e misterioso mar da suprema felicidade.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

UMA CASA HUMILDE COMO MODELO

Por Cláudio Munhoz

Era uma casa modesta, humilde, como tantas outras daquelas redondezas. Vista de relance, tudo nela poderia escapar aos olhos desatentos de muitos transeuntes. Mas para os que tinham “olhos de ver”, aquela casa singela destacava-se das demais pela intensa luminosidade que dela emanava.

Em seu interior, a mobília rústica, porém funcional, conferia-lhe ares de aparente pobreza. Apenas aparente, porquanto a pobreza a que me refiro estava circunscrita ao plano vulgar da matéria. Em verdade, a energia vigorosa que se espraiava por cada cômodo acanhado cobria-lhe de tal riqueza espiritual que, por vezes, alguém, tomado de viva fé perceberia com clareza que ali funcionava uma representação das instâncias celestiais.

A intensa movimentação de abnegados servidores no desempenho de suas atividades determinava o ritmo de trabalho a demandar-lhes incansáveis esforços. Homens e mulheres, cujas vidas pessoais foram postas de lado por eles próprios em prol de uma causa nobre, revezavam-se em múltiplas tarefas de socorro a um grande número de necessitados do corpo e da alma.

Os serviços de assistência que ali se desenvolviam revelavam a abrangência daquela magnífica obra de caridade: aos famintos e desnutridos, a abençoada refeição a restituir-lhes as energias; aos que buscavam amor e consolação, a palavra sublime do Evangelho do Cristo a renovar-lhes a fé e a esperança; aos enfermos e estropiados, a possibilidade de tratamento e cura através da imposição de mãos e de complexos trabalhos de desobsessão; aos que condicionavam sua crença na Doutrina do Cristo ao testemunho de sinais e prodígios, a ação direta de benfeitores da Espiritualidade, que se apresentavam para os trabalhos de comunicação e esclarecimento, valendo-se de tarefeiros com elevado grau de desenvolvimento mediúnico; aos aflitos e desamparados, o acolhimento e o conforto espirituais proporcionados pela ação prestimosa do atendimento fraterno.

O amigo leitor deve estar se perguntando a que Instituição Espírita este artigo se refere. De fato, seu conteúdo nos leva a tal suposição. Todavia, essa abençoada instituição era nada mais nada menos que a Casa do Caminho, a primeira Congregação Cristã fundada há cerca de dois mil anos pelos apóstolos de Jesus e que funcionava na própria residência de Simão Pedro, em Jerusalém. O advento do Espiritismo, passados 18 séculos da vinda de Jesus à Terra, teve por objetivo reconduzir o Cristianismo às suas origens e trazer novos esclarecimentos acerca do Mundo Espiritual e de sua influência no Plano Material. E é nesse contexto de resgate dos verdadeiros valores cristãos que as Instituições Espíritas têm a Casa do Caminho dos tempos dos apóstolos do Cristo como modelo de organização para o desenvolvimento de seu trabalho de amor e caridade em favor do próximo.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

MOCIDADE ESPÍRITA EM MOVIMENTO


Por Cláudio Munhoz

O futuro do Movimento Espírita depende da atuação consciente e vibrante de sua juventude”. Inspirada nesse lema, a Mocidade da Sociedade Espírita Jorge (SEJ), instituição com a qual colaboro nas atividades de evangelização para adolescentes, vem dando um grande exemplo de como a participação ativa dos jovens pode fazer a diferença no processo de construção de um mundo melhor e mais feliz.

“Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra de Deus”, afirmou Jesus, ao instruir os seus discípulos. Em verdade, a palavra de Deus ressoa em nosso íntimo como um convite permanente ao estudo e ao trabalho na seara do bem. E fazer parte de um grupo de Mocidade significa caminhar lado a lado com o Mestre pela estrada da evolução espiritual.

As reuniões da Mocidade da SEJ acontecem todos os domingos, a partir das 9h da manhã. Os jovens, reunidos por faixa etária nos três Ciclos de aprendizado, participam de uma série de atividades, cujo objetivo é orientá-los nos princípios e fundamentos da Moral do Cristo, a base que sustenta e permeia os estudos da Doutrina Espírita. Os trabalhos têm início com uma sessão de passes, seguida de um momento de confraternização através da música, comandado pelo grupo de jovens “violeiros” da SEJ, e da prece de abertura. Após a prece, os grupos dos três Ciclos seguem para as suas respectivas salas, onde cumprem, de forma bastante participativa, o programa de estudos previstos no calendário da Casa.

A ação evangelizadora desenvolvida na Mocidade da SEJ não se restringe ao estudo teórico do Evangelho do Cristo e da Doutrina Espírita. Periodicamente, os jovens participam de atividades especiais, internas e externas, como seminários, congressos, feiras e exposições constantes do calendário de eventos do Movimento Espírita, encontros de confraternização com companheiros de Mocidades de outras instituições, e ações de solidariedade, como visitas a orfanatos e asilos.

Através da prática, os jovens têm a oportunidade de vivenciar tudo quanto lhes é transmitido nos estudos doutrinários. É o que chamamos de Mocidade em Movimento, um trabalho realizado com muito amor e entusiasmo, com as bênçãos do nosso Mestre Jesus e dos mentores espirituais que dirigem a Sociedade Espírita Jorge.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

MANIFESTAÇÕES ESPÍRITAS NA ANTIGÜIDADE

Por Cláudio Munhoz

Os fenômenos espíritas estão presentes na Criação Divina desde sempre. A história da humanidade terrestre registra à fartura manifestações dessa natureza entre os povos primitivos que aqui iniciaram sua marcha evolutiva. Em torno dessas manifestações, muitas histórias e lendas foram criadas, atravessando o tempo graças ao esforço que a tradição oral fez para preservá-las por muitas e muitas gerações.

Esses fenômenos impressionavam de tal maneira aquelas criaturas, que, de uma forma ainda rudimentar, viu-se o homem diante do despertar de uma nova era de entendimento, a partir de uma relação de temor entre ele e uma “força superior”, que, segundo suas convicções insipientes, manifestava-se furiosamente através dos fenômenos da natureza e de acontecimentos sobrenaturais.

A Bíblia Sagrada, tanto no Novo, quanto no Velho Testamento, assim como os livros sagrados de todas as correntes religiosas, está repleta de fatos e eventos em que a revelação de Deus se faz através do contato entre os homens (profetas) e a "Divindade" (espíritos). Jesus, em sua missão na Terra, deu demonstrações inequívocas de que o mundo espiritual era uma realidade a interferir ostensivamente no mundo físico. Através do exercício de sua autoridade como guia da humanidade, o Mestre deixou-nos preciosos ensinamentos de como deveríamos nos preparar para a conquista íntima desse "reino”, de modo que pudéssemos estabelecer com ele uma relação mais direta e racional.

Assim seguiu a humanidade, entre a curiosidade e o assombro, no conflito entre a razão e a mistificação, seu caminho na busca de respostas a tantas indagações. E nos momentos que antecederam o espocar de uma nova Revelação, vamos nos deparar com manifestações ainda mais intensas e instigantes, como os fenômenos de Hydesville e das mesas girantes. Mas isso será assunto para uma próxima oportunidade.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

SALVE, SALVE!

Por Cláudio Munhoz

Pátria amada, mãe gentil... Longe vai o Carnaval, mas a folia corre quente nas veias. Antes era apenas circo, com trapézio e picadeiro; hoje, tem-se pão também. “Pão e circo”, bendita herança dos tempos de Roma, o antigo Império. E, nessa corda bamba, caminhamos nós, felizes e risonhos, de alma lavada e barriga quase cheia (ou meio vazia?). Isto aqui é o paraíso!

No entanto, cuidado! Expor-se ao Sol de um novo mundo pode causar insolação, febre e delírio. Afinal, quem nunca ouviu que este é o país do futuro? Até aí, tudo bem. O problema começa quando alguém, já no final da vida, confortavelmente sentado à beira do caminho, descansando à sombra de uma árvore, se dá conta de que essa singular profecia se arrastará por muitas e muitas gerações sem que se faça cumprir. Bingo! Mais uma vítima do conto do PAC, melhor dizendo, do paco.

Ainda bem que somos um povo heróico, com brado retumbante e braços fortes. E quem não haverá de suportar em silêncio o peso de uma sina tão robusta? Para isso, todavia, há que se ter fé, resignação, coragem e, obviamente, uma dose cavalar de alienação.

Se a esperança é a última que morre, eis que no Parlamento e nos palácios, as Excelências, minhas e Vossas, definem em tom solene os rumos da prosa e dos gastos públicos. “É mister que venham escândalos...”, afirma um incauto da tribuna, em defesa das instituições. “Isso está na Bíblia!”, aparteia um correligionário não menos incauto. Pena que ambos não leram o versículo inteiro. Mas a culpa é do assessor. Sempre será. Também, quem mandou não freqüentar a igreja? Alguém poderia até pensar: “Se uns não costumavam ir à igreja, outros, por sua vez, deixaram de lado a escola.” Pois é! E daí? Não faz a menor diferença. Com um certo jeitinho, dá para sentar no trono com o primeiro grau incompleto. Tudo é uma questão de oportunidade.

Enfim, depois de muitas andanças, e já sem tanta esperança, repousa minha carcaça de quase meio século em berço esplêndido, ao som de axé e funk e à luz fosca do céu cinza-chumbo do progresso. Tudo com bastante ordem, inspirada, talvez, pela sabedoria de um certo gênio da administração pública que encontrou nos rios, lagoas e praias a solução para o destino das fezes urbanas, enquanto as florestas ardem em chamas nos rituais sagrados da cupidez humana. Mas que não venham sobre mim os abutres e as hienas, pois que ainda não é chegada a minha hora. Tenho muito que apodrecer, abraçado à minha velha e ressequida utopia.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

POESIA DO INSTANTE

Por Cláudio Munhoz

Quanto de amor trazes na alma e que de ti faz transbordar um oceano de mistérios? Que segredos pode o Universo preservar, se teu olhar esparge a energia pulsante de incontáveis estrelas?

Pousado em ti, meu pensamento projeta imagens dos versos que teus lábios retêm, pois que a virtude dos anjos te fez poetisa. Mas se nesse inquietante silêncio tua voz ao menos reproduzisse o murmúrio súplice de um riacho, meu desejo de amar-te celebraria solene a sublime poesia deste instante.

quinta-feira, 27 de março de 2008

A LINHA DE SANDY MÜLLER

Por Cláudio Munhoz

Num mundo globalizado, onde o conceito clássico de fronteira começa a perder o sentido, uma linha traçada no chão ou na alma não significa propriamente um ato de separação ou de exclusão. Ao contrário, indica uma corajosa tentativa de unir culturas e expandir a criação para além do senso comum.

Foi com esse espírito, de natureza universal, que a cantora e compositora ítalo-brasileira Sandy Müller Gasperoni desembarcou no Brasil há duas semanas para cumprir uma agenda de shows de lançamento do CD “Linha”, seu segundo trabalho fonográfico. Gravado no Rio de Janeiro, com produção de Marcelo Costa e a participação de vários nomes conceituados da música brasileira e italiana, “Linha” é um projeto idealizado por Sandy Müller e Claudio Pezzotta - parceiro e marido -, responsável pelos arranjos.

Filha de brasileiros, nascida e criada em Roma, Sandy Müller tem suas raízes existenciais e artísticas fincadas em seus dois solos pátrios, uma linha “traçada no chão, no chão / tracciata per terra” sobre a qual caminha, voa e navega, e revela ao mundo o talento e a candura de uma artista sensível e apaixonante.

Das 13 canções que integram o CD “Linha”, 12 são de autoria de Sandy e Cláudio Pezzotta, sendo que “Vorrei”, 12ª faixa do álbum, conta também com a assinatura de Massimiliano De Tomassi. Em “Linha”, Sandy Müller nos convida a uma agradável viagem pelo mundo do Pop (“Linha” / “Monitor” / “Bocca Di Vetro” / “Saudade” / “Estonteante” / “Vorrei” / “Filho”), do samba (“Samba Lento” / “Tamborim” / “Tais E Quais”) e da Bossa Nova (“Já Vi” / “Triste”), inspirada por arranjos bem elaborados, com pitadas suaves de Jazz, Funk e Soul, e letras que mesclam versos em italiano e português com a naturalidade de quem se alimenta da energia musical e poética de duas línguas irmãs. A surpresa, que soa como uma deliciosa homenagem, fica por conta de “La Novità”, versão assinada por Sandy e De Tomassi para a canção “A Novidade” (Herbert Vianna / João Barone / Bi Ribeiro / Gilberto Gil).

Com apresentações marcadas para o Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Florianópolis e Curitiba, a turnê de Sandy Müller tem tudo para conquistar o público brasileiro. No palco, acompanhada de Claudio Pezzotta ao violão, ela inclui no repertório canções de “Linha” e de seu trabalho anterior, ainda inédito no Brasil. Nessa versão acústica, adaptada para o formato Pocket Show por Pezzotta, Sandy exibe todo o seu talento de intérprete, conferindo a cada canção um toque especial de sensibilidade e leveza.

Quem acompanha a trajetória de Sandy Müller desde antes do lançamento de seu trabalho de estréia em terras italianas, tem uma percepção clara de que “Linha” representa muito mais do que um produto fonográfico de alta qualidade. “Linha” traduz a essência de uma artista que, através da música, reaviva n’alma o desejo imenso de viver, sonhar, compor e encantar-nos com a doçura irresistível de seu canto.